Roberto Montezuma visita o CAU/MS e dialoga com profissionais
(08/06/2017) Professor há 27 anos na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), coordenador-geral do livro Arquitetura Brasil 500 Anos (Volumes I e II) e presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) desde a fundação, o arquiteto e urbanista Roberto Montezuma tem vasto conhecimento a compartilhar.
Por este motivo, foi o convidado a ministrar a palestra magna na abertura do II Simpósio “Meio Ambiente e Gestão Urbana – Um Olhar Integrado”, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, nesta segunda-feira (5). O evento foi realizado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) com apoio do CAU/MS e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Montezuma acredita que Campo Grande, como toda cidade do Brasil, tem o que ensinar. “A estruturação das vias, a convivência harmônica com a vegetação são pontos fundamentais para que seja uma cidade boa para as pessoas”. O arquiteto elogiou também os parques e espaços livres e destacou que a vivência da cidade precisa ser um objetivo de todos os campo-grandenses. Segundo a ONU, atualmente as cidades ocupam aproximadamente apenas 2% do território da Terra, mas concentram 54,5% da população mundial, ou 4 bilhões de pessoas.
Neste sentido, ele considera de suma importância o papel do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. “No terceiro eixo de articulação com as Nações Unidas, o CAU coloca o desafio ‘como empoderar e capacitar o cidadão’, de forma que ele monitore as mudanças que a cidade precisa”, explica. Para que isso aconteça, segundo o arquiteto, “os planos diretores precisam gerar uma visão de futuro, que passa por externar, expor os planos – diretores – em lugares públicos para que sejam debatidos, reconhecidos e apropriados pelo cidadão”.
De acordo com Montezuma, a ONU estabelece como gestor do futuro o gestor comprometido com os planos de transformação que a cidade precisa. “Uma cidade não se faz em quatro anos. Um plano consistente para uma cidade requer várias legislações municipais, e elas não precisam inventar o mundo, precisam continuar planos transformadores dessas cidades”.
Fórum Livre
Profissionais do setor da construção e autoridades aproveitaram a visita de Montezuma à capital para dialogar sobre o plano diretor, meio ambiente, mobilidade e a Nova Agenda Urbana. Na oportunidade, a presidência do CAU/MS promoveu, no período da manhã, o encontro com os secretários titular e adjunto da Semadur, José Marcos da Fonseca e Luis Eduardo Costa; a diretora suplente e o diretor de planejamento ambiental da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), Vera Bacchi e Rodrigo Giansante; o diretor de habitação da EMHA (Agência Municipal de Habitação), Gabriel Gonçalves; e conselheiros do CAU/MS.
À tarde, Montezuma se reuniu com a Secretária Executiva do Fórum Livre de Políticas Urbanas de MS 40-20, Giovana Sbaraini, e coordenadores das Câmaras Técnicas do fórum, Ana Isa Garcia, Lairson Palermo, Aroldo Figueiró e membros.
O arquiteto, que representa os presidentes dos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados junto a ONU, explicou como foram elaborados os pontos da Nova Agenda Urbana. “Depois de uma série de reuniões e estudos, fechamos três grandes eixos: a governança metropolitana; plano de desenvolvimento urbano e planos diretores integrados à sustentabilidade; e empoderamento e monitoramento cidadão – e este é dificílimo, mas é estratégico porque é o que vai dar suporte aos outros dois”.
A partir deste tripé, houve o debate na Habitat III – 3ª Conferência da ONU sobre Habitação e Desenvolvimento Sustentável, realizada em outubro de 2016 em Quito, no Equador, quando foram definidas as 10 recomendações da Nova Agenda Urbana. Montezuma despertou uma reflexão sobre o poder da sociedade na transformação das cidades. “Se temos governos de quatro anos e para desenvolvermos uma cidade precisamos de pelo menos 20 anos, então como vamos vencer essas questões no Brasil com cinco gestões municipais neste período? Só vamos conseguir isso se tivermos a sociedade civil atuando pelo acontecimento das coisas”.
Dary Werneck, membro da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Campo Grande (MS) e do Fórum Livre de Políticas Urbanas 40-20, considera fundamental “promover políticas que incentivem as empresas a desenvolver um plano de mobilidade, favorecendo as pessoas que trabalham nelas”. O professor frisou a questão da cidade segura: espaços públicos saudáveis, parques e praças. “Quando as pessoas se sentem seguras na rua, a cidade permite a convivência coletiva. A cidade é lugar de encontro, não de separação”, considera.
Experiência
Roberto Montezuma foi coordenador da reedição do Roteiro para Construir no Nordeste, obra de Armando de Holanda (2010); é coautor de As lições de Bogotá e Medellín (2013). Coordenou projetos como o de Urbanismo da Cidade Suape, o Plano Diretor do Campus UFPE e o Parque Capibaribe.
Participou da coordenação de workshops, congressos e seminários internacionais, a exemplo do Recife Exchange Amsterdam (2012), do Workshop de Sustentabilidade Ambiental promovido pela Oxford University (2014) e do Urban Thinkers Campus da ONU Habitat (2015). Montezuma também ministrou palestra no seminário Landscape as Urbanism in the Americas, da Universidade de Harvard (2016).